sábado, 29 de junho de 2013

Fala, Drauzio!

          
         Reproduzo aqui a coluna de hoje do Dr. Drauzio Varella no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo.


DRAUZIO VARELLA
Gays e heterossexuais incuráveis
Está coberta de razão a sabedoria popular ao dizer que a homossexualidade é mais velha do que andar a pé

Apesar dos anos vividos, ainda me surpreendo com a estupidez humana.
Os crentes dizem que Deus houve por bem limitar-nos a inteligência, para impedir que bisbilhotássemos seus domínios. Se assim agiu, pena não lhe ter ocorrido impor limites para a burrice dos seres que criou à sua imagem e semelhança.
Um grupo de deputados reunidos na Comissão de Direitos Humanos, presidida por um evangélico sem nenhuma aparência de homem fervoroso, aprovou o projeto conhecido como "cura gay", que assegura aos psicólogos o direito de aplicar métodos de tratamento destinados a transformar homo em heterossexuais, e de apregoar aos incautos a cura da homossexualidade, práticas condenadas pelo Conselho Federal de Psicologia e por todas as pessoas com um mínimo de discernimento.
Em todos os povos conhecidos, uma parcela de indivíduos em alguma fase da vida experimentou orgasmo por meio da estimulação dos genitais realizada por uma pessoa do mesmo sexo.
A incidência da homossexualidade varia de acordo com o grupo social. Um estudo clássico dos anos 1950 mostrou que em cerca de 60% das populações pesquisadas o comportamento homossexual é aceito sem restrições. Na África, entre os povos Siwan, e no sudoeste do Pacífico, entre os melanésios, virtualmente todos os homens praticaram sexo com outros homens em algum estágio da vida.
As 40% restantes vivem em países nos quais a homossexualidade é objeto de tabu social. As nações industrializadas se enquadram nesse grupo minoritário.
Embora os dados nem sempre confirmem com exatidão, a homossexualidade masculina parece ser duas a três vezes mais prevalente do que a feminina, em todas as sociedades até hoje avaliadas.
A maioria esmagadora dos indivíduos que experimentam orgasmos com pessoas do mesmo sexo são bissexuais. No Ocidente, homossexualidade pura, caracterizada pela ausência de práticas sexuais com o sexo oposto durante a vida inteira, ocorre em apenas 1% da população.
Comportamento homossexual tem sido descrito em répteis, pássaros e mamíferos, animais que na evolução divergiram há mais de 100 milhões de anos. Uma parte dos machos e fêmeas de todas as espécies de aves estudadas têm relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo. Em muitas ocasiões, essas práticas terminam em orgasmo de apenas um ou dois dos parceiros.
Nos mamíferos, a maioria das relações homossexuais entre as fêmeas acontece quando uma parceira monta sobre a outra, comportamento já documentado em pelo menos 70 espécies: ratos, hamsters, coelhos, martas, gado, carneiros, cavalos, antílopes, porcos, macacos, chimpanzés, bonobos, leões etc.
Há mais de um século e meio, Charles Darwin nos ensinou que uma caraterística presente em diversas espécies distintas indica que foi herdada de um ancestral comum, portador do mesmo traço. Podemos garantir que o ancestral que deu origem aos vertebrados tinha dois globos oculares, caraterística herdada por todos os animais com esqueleto.
O paralelismo é óbvio, prezadíssimo leitor: se o comportamento homossexual está documentado em animais tão distintos quanto répteis, aves e mamíferos, é porque a homossexualidade é mais antiga do que a humanidade.
Certamente, já existiam hominídeos homo e bissexuais 5 a 7 milhões de anos atrás, quando nossos ancestrais resolveram descer das árvores nas savanas da África. Está coberta de razão a sabedoria popular ao dizer que a homossexualidade é mais velha do que andar a pé.
Sempre houve e haverá mulheres e homens que desejam pessoas do mesmo sexo, porque essa é uma característica inerente à condição humana. Com persistência e determinação, eles podem controlar o comportamento sexual, mas o desejo não. O desejo é uma força da natureza mais íntima de cada um de nós; é água que corre montanha abaixo.
Os fatores genéticos e as interações sociais envolvidas no comportamento sexual são de tal complexidade que só a ignorância crassa é capaz de propor simplificações.
Eu, que sempre coloquei em dúvida a masculinidade daqueles excessivamente preocupados ou ofendidos com a homossexualidade alheia, gostaria de saber em que porta de botequim os nobres deputados ouviram falar que o homossexual é um doente à espera de tratamento psicológico.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

"Direitos LGBT são direitos humanos"




"É triste ver que a dificuldade em se aceitar o diferente
 turve nossa visão de que, na verdade, somos todos diferentes."

Entre informantes e incitadores




"Algumas pessoas argumentam que qualquer discussão a respeito da diversidade sexual, no ambiente escolar, seria uma forma de incitarmos as crianças a se tornarem gays ou lésbicas. A gente sabe, no entanto, que a sexualidade é particular e algo próprio do ser humano. O importante é eles [alunos] perceberem que o diferente merece respeito e que respeitar as diferenças não significa que eu queira ser igual".


Júnior Diniz, professor
Uol, 17/05/2013



quarta-feira, 10 de abril de 2013

A filha da mãe



Thammy contou que aos 24 anos decidiu que queria ser ela. "Queria ser feliz comigo mesma. Podia não fazer mais nada na vida. Podia fazer faxina, trabalhar no mercado. Porque me olhava no espelho e não me reconhecia", disse.

Ela disse que quando Gretchen descobriu que ela era gay, pensou que fosse uma forma de agredi-la ou de chamar atenção. "Aí conversei com ela e disse: "mãe, você acha que se pudesse escolher, ia escolher sofrer preconceito? Não tenho escolha. Nasci assim", lembrou.


UOL, 10/04/2013


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Resenha no "Goticity"



A Camila do blog “Tá na Nuvem”, agora "Goticity", fez uma resenha pra lá de bacana do livro: “A nova razão, de Ricardo Nascimento”. Aproveito esse espaço pra agradecê-la pela valorização do trabalho.
Leiam e comentem!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Os humanos dos direitos humanos (parte 2)


Feliciano acha que o Brasil vive uma "ditadura gay" e relata que na Assembleia de Deus, "tem muitos casos de ex-gays".

É necessária uma lei para combater a homofobia? Ele acha que não. Se a lei for aprovada, teria de se fazer o mesmo para outras minorias -por exemplo, para quem é "caolho" ou "banguelo".

Contrário a manifestações públicas de carinho entre gays, o deputado acredita que os próprios homossexuais saberiam que se trata de algo inconveniente. Cita o caso de artistas mulheres se beijando em público para protestar. "Você viu algum artista masculino dar algum beijo na boca de outro artista masculino? Não tem. Por quê? Porque eles sabem que isso vai chocar a população. Porque um beijo feminino talvez choque menos".

Folha de São Paulo, 02/04/2013



terça-feira, 26 de março de 2013

Os humanos dos direitos humanos



-> Marco Feliciano é eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos
               

Após discussão, deputados saíram da sessão contra a eleição do pastor.

Parlamentar publicou em 2011 mensagens polêmicas sobre homossexuais.


G1, 07/03/2013




-> Lech Walesa diz que minoria gay "persegue e castiga" heterossexuais

 Walesa, [prêmio Nobel da Paz em 1983 e ativista de Direitos Humanos] considerado
o herói na luta contra o comunismo e símbolo da chegada da democracia à Polônia, disse há algumas semanas que os homossexuais "deveriam se sentar na última fila do Parlamento ou até mesmo atrás de um muro", e não pretender impor suas posturas minoritárias frente à maioria da população.

UOL, 26/03/2013